Falaria sobre a confusão infernal na qual anda minha cabeça, caso fosse alguma novidade. Seria capaz de dissertar por incontáveis linhas a respeito da minha latente fobia social. Ou talvez sobre o encantamento, em paralelo, que me atrai sorrateiramente para o mais íntimo contato com a frágil realidade humana. Mas hoje tenho 30 minutos para tentar falar sobre outra coisa.
Nada me vem a cabeça. Estou cansado dessa porcaria, mas não tenho coragem de limpar tudo isso. Às vezes eu me sinto como uma formiguinha no meio de todas aquelas outras no caminho que, de vez em quando, esbarra para pedir informação mesmo sabendo que o caminho é aquele mesmo, a fila. As coisas vão se repetindo até que se possa concluí-las. Ao menos comigo é assim. E chegam a dizer que não tenho vontade, tenho ideia fixa... Que calúnia.
O pior é que agora estou começando a brincar com o tempo, ou ele comigo, não sei bem ainda, mas o que importa é que eu sei que ele existe, "a ampulheta correndo grãos". Ele que me aguarde, vou fazer peripécias inimagináveis. Antônio terá orgulho de mim.
Além disso tenho tido umas idéias meio absurdas pensando em possibilidades. No ser e na possibilidade do ser de ser. Em como isso transforma o universo a partir de um pensamento. Em até que ponto a realidade material é sólida. Em por que eu não tenho uma viagem como a de Chihiro, não é assim tão difícil...
Meus olhos basicamente não abrem, mas já estou acostumado com o novo posicionamento de minhas pálpebras, "4/5 da canecona"; com sono e cansado, mas imbatível, duro na queda, teimoso como o pai. Quase começo a ver aquela luzinha branca que vem de cima. A fome também aperta, mas quem iria na cozinha uma hora dessas? Já tomei banho, meu pirulito faz aqui seu barulho discreto. Tudo certo no quarto já, não!
O tempo é que anda de brincadeiras comigo, o que deveria durar 30 minutos rendeu uma hora. Acho que deveria ter mesmo era falado sobre minha confusão mental.
Quem sou eu
quinta-feira, 7 de abril de 2011
sábado, 15 de janeiro de 2011
Pêlos no nariz
Quis muito chorar, mas as lágrimas não saiam. Um buraco que começou pequeninho, foi crescendo ao som das palavras. Uma mistura de vazio e preenchimento completo. Uma explosão de sentimentos puros, verdadeiros, aflorando. Simples. Sem medo, sem segredo, um sopro vindo de dentro, com toda a leveza e dureza de ser o que é. Eu quis muito chorar, lágrimas contidas, mas elas insistiam em não cair. O baú se abrindo rangendo as dobradiças. Ele tanto nada fez que caíram, suaves, tranquilas, uma a uma. Sem pressa. Ele me libertou, e nem sabe disso, me encheu de coragem, era o que tava faltando. Recortes, imagens, títulos, cenas, segredos. Passado. Guardado. Escondido. Na hora de ir. Sair do aprisionamento do medo, medo de uma talvez-futura-perda. Que com o tempo perdeu o talvez, depois a futura.
Depois do encontro inspirador com Anderson, no Muda, segui em clima lisérgico aos fundos do Náutico – com o perdão do trocadilho. No caminho, refletindo sobre minha euforia, alimentava de coragem e boas esperanças meu buraquinho infeliz. Seguia com o livrinho azul nas mãos, lendo e relendo, decorando, sentado na escada do ônibus. Me encantei pela Máquina, uma máquina de não sentir dor. Ia decorando e repetindo em voz alta pelo caminho, normalmente canto ou assobio, mas hoje, recitava. Jogava as palavras ao mundo.
-Tens a vista boa, heim?!
Olhei para o lado e tinha um senhor de aproximadamente 65 anos, vestido de branco, chapéu na cabeça, sentado em uma cadeira plástica branca na calçada, sozinho, sorrindo.
-Oi?
Rebati, não tinha certeza de que era comigo
-Tens a vista boa.
-Por que?
-Tu tais andando e lendo, no escuro!
Nem tinha percebido que estava escuro, só queria aprender a história depressa. Minha vontade era sair por aí dizendo para todos da invenção desse mineiro.
-Graças a Deus, neh?! Que eu tenho a vista boa.
-É... Tu ta estudando?
-Não. Quer dizer, sim. Também (fiquei confuso). É que são contos, histórias, poesias.
-Aann...
Tive a impressão de que ele não havia entendido, também não sei se fui convincente.
-O senhor quer que eu leia?
-Quero!
Eu li:
“Alguém um dia inventou uma máquina de não sentir
dor. A invenção era simples, como devem ser as
invenções. Uma folha de papel de seda era jogada no
ar, dentro de uma sala pintada de branco e
hermeticamente fechada. Num dos cantos da sala, um
ventilador. E pronto.
Enquanto o papel estivesse no ar, a pessoa estaria
torcendo por ele. E a dor que sentia ficava
momentaneamente esquecida.
Às vezes saia um suspiro. À vezes uma lágrima surgia.”
Ele me pediu que escrevesse em um papel, queria dar para a filha ler. Prometi que levaria em algum momento, não tínhamos caneta e nem uma outra alma viva estava presente.
-Você traz depois.
Há pessoas na vida que surgem assim. Tenho a impressão de que são como estrelas que vemos sumir depois de terem deixado de existir há milênios. Com essas pessoas compartilhamos momentos únicos, íntimos como nenhum outro. O desconhecido me traz conforto, segurança. Ele confiou tanto em mim, sem sequer saber meu nome. E esta confiança gratuita me fará voltar, com o papelzinho na mão.
Tenho me negado às lágrimas, cheguei a pensar que meu poço havia secado. Sempre fui muito chorão, adoro chorar de alegria, vendo filme, bêbado. Mas não admito chorar de dor ou de tristeza. Não admito me render. Confessar fraqueza, fragilidade. Isso me deixou duro. Minha relação com esses sentimentos é de desprezo, e quando os sinto choro de raiva, nunca de dor. “Tais dizendo, neh?!”
Sinto muita falta do passado. Tenho tido uns sonhos absurdos que continuam na noite seguinte. Isso já têm alguns dias e quero sinceramente ver no que isso vai dar. Mas tenho medo de encarar a realidade que irei me revelar. Algumas pessoas são presença certa. Guias da minha inconsciência, guardiãs da minha inocência. O passado como registro do que aconteceu, como memória que não se abandona. Como pêlo no nariz, não sei se cai um dia, mas arrancar dói muito. Aí deixamos lá. Ali dentro é quase imperceptível, no máximo apara-se as pontas que aparecem de manhã quando olhamos no espelho. Já viu nariz de velho como é cabeludo?
Faltava coragem para abandonar isso tudo. O desapego é um exercício de paciência e persistência. Mas “o coração é um órgão independente do corpo humano, ele só faz o que quer”. Por isso andei meio afastado dele, com medo de que me causasse mais problemas. E ele se sentiu sozinho, trancado no baú.
Ver que meu coração estava ali há tanto tempo me fez perceber o vazio que isso me causava. Não o ouvia mais gritar lá dentro. Não havia mais ar. Trouxe-o de volta. E arranquei alguns pêlos do nariz.
Depois do encontro inspirador com Anderson, no Muda, segui em clima lisérgico aos fundos do Náutico – com o perdão do trocadilho. No caminho, refletindo sobre minha euforia, alimentava de coragem e boas esperanças meu buraquinho infeliz. Seguia com o livrinho azul nas mãos, lendo e relendo, decorando, sentado na escada do ônibus. Me encantei pela Máquina, uma máquina de não sentir dor. Ia decorando e repetindo em voz alta pelo caminho, normalmente canto ou assobio, mas hoje, recitava. Jogava as palavras ao mundo.
-Tens a vista boa, heim?!
Olhei para o lado e tinha um senhor de aproximadamente 65 anos, vestido de branco, chapéu na cabeça, sentado em uma cadeira plástica branca na calçada, sozinho, sorrindo.
-Oi?
Rebati, não tinha certeza de que era comigo
-Tens a vista boa.
-Por que?
-Tu tais andando e lendo, no escuro!
Nem tinha percebido que estava escuro, só queria aprender a história depressa. Minha vontade era sair por aí dizendo para todos da invenção desse mineiro.
-Graças a Deus, neh?! Que eu tenho a vista boa.
-É... Tu ta estudando?
-Não. Quer dizer, sim. Também (fiquei confuso). É que são contos, histórias, poesias.
-Aann...
Tive a impressão de que ele não havia entendido, também não sei se fui convincente.
-O senhor quer que eu leia?
-Quero!
Eu li:
“Alguém um dia inventou uma máquina de não sentir
dor. A invenção era simples, como devem ser as
invenções. Uma folha de papel de seda era jogada no
ar, dentro de uma sala pintada de branco e
hermeticamente fechada. Num dos cantos da sala, um
ventilador. E pronto.
Enquanto o papel estivesse no ar, a pessoa estaria
torcendo por ele. E a dor que sentia ficava
momentaneamente esquecida.
Às vezes saia um suspiro. À vezes uma lágrima surgia.”
Ele me pediu que escrevesse em um papel, queria dar para a filha ler. Prometi que levaria em algum momento, não tínhamos caneta e nem uma outra alma viva estava presente.
-Você traz depois.
Há pessoas na vida que surgem assim. Tenho a impressão de que são como estrelas que vemos sumir depois de terem deixado de existir há milênios. Com essas pessoas compartilhamos momentos únicos, íntimos como nenhum outro. O desconhecido me traz conforto, segurança. Ele confiou tanto em mim, sem sequer saber meu nome. E esta confiança gratuita me fará voltar, com o papelzinho na mão.
Tenho me negado às lágrimas, cheguei a pensar que meu poço havia secado. Sempre fui muito chorão, adoro chorar de alegria, vendo filme, bêbado. Mas não admito chorar de dor ou de tristeza. Não admito me render. Confessar fraqueza, fragilidade. Isso me deixou duro. Minha relação com esses sentimentos é de desprezo, e quando os sinto choro de raiva, nunca de dor. “Tais dizendo, neh?!”
Sinto muita falta do passado. Tenho tido uns sonhos absurdos que continuam na noite seguinte. Isso já têm alguns dias e quero sinceramente ver no que isso vai dar. Mas tenho medo de encarar a realidade que irei me revelar. Algumas pessoas são presença certa. Guias da minha inconsciência, guardiãs da minha inocência. O passado como registro do que aconteceu, como memória que não se abandona. Como pêlo no nariz, não sei se cai um dia, mas arrancar dói muito. Aí deixamos lá. Ali dentro é quase imperceptível, no máximo apara-se as pontas que aparecem de manhã quando olhamos no espelho. Já viu nariz de velho como é cabeludo?
Faltava coragem para abandonar isso tudo. O desapego é um exercício de paciência e persistência. Mas “o coração é um órgão independente do corpo humano, ele só faz o que quer”. Por isso andei meio afastado dele, com medo de que me causasse mais problemas. E ele se sentiu sozinho, trancado no baú.
Ver que meu coração estava ali há tanto tempo me fez perceber o vazio que isso me causava. Não o ouvia mais gritar lá dentro. Não havia mais ar. Trouxe-o de volta. E arranquei alguns pêlos do nariz.
sábado, 6 de novembro de 2010
Incoerência
Que inferno, sou muito influenciável. Não há menos que 20 minutos que tento começar a escrever no blog. Problema: escolher a música que vai tocar enquanto escrevo. Eita, já sei: Eric Clapton.
Agoooooora sim. Junto ao solo inicial de Stormy Monday continuo.
Enfim, atordoado como sempre - será que isso um dia vai parar? É como esperar ser engolido por uma onda. Estar ali, com água na cintura, de braços abertos, de frente para o infinito. Receber uma porrada no peito, se envolver na confusão de águas, perder a noção de direção, os sentidos, o fôlego e ser jogado na areia, exausto! Não, não vai passar. Eu até que gosto. E mais, depois de uma "vaca" como esta, nunca haverá outra água de coco igual. Pode ter certeza.
O verão chega quente. E o tempo não me deixa sequer parar para ver. Lembro que no inverno via mais céus azuis. Tenho a impressão que está branco ultimamente, tão forte é a luz que vem de lá. Adoro isso aqui nessa época, o calor vem do chão. Não tem como fugir. O fogo queeeimaa! As pessoas vão enlouquecendo aos poucos, a natureza talvez seja a maior responsável pela loucura verãocarnavalesca de "Hellcife". Alguma coisa cozinha em 3 ou 4 meses de quentura, aposto minhas fichas no cérebro. Mas tem coisas que inevitavelmente ficam geladas: dedos, boca e garganta.
Engraçado que eu nem sei mais como tudo começou. Um setor da administração memorial do meu processador é responsável pela eliminação dos registros referentes ao início do fim de qualquer acontecimento. Bom esse sistema neh?! Fica, pode levar. Eu sei que as coisas das quais não me lembro são de extrema importância. Primeiro indício disso é eu não lembrar. Se fosse de extrema inutilidade eu certamente lembraria.
Alguém um dia me disse: abençoado é o homem de muita saúde e pouca memória. Até tento me manter saudável, mas eu esqueço...
Agoooooora sim. Junto ao solo inicial de Stormy Monday continuo.
Enfim, atordoado como sempre - será que isso um dia vai parar? É como esperar ser engolido por uma onda. Estar ali, com água na cintura, de braços abertos, de frente para o infinito. Receber uma porrada no peito, se envolver na confusão de águas, perder a noção de direção, os sentidos, o fôlego e ser jogado na areia, exausto! Não, não vai passar. Eu até que gosto. E mais, depois de uma "vaca" como esta, nunca haverá outra água de coco igual. Pode ter certeza.
O verão chega quente. E o tempo não me deixa sequer parar para ver. Lembro que no inverno via mais céus azuis. Tenho a impressão que está branco ultimamente, tão forte é a luz que vem de lá. Adoro isso aqui nessa época, o calor vem do chão. Não tem como fugir. O fogo queeeimaa! As pessoas vão enlouquecendo aos poucos, a natureza talvez seja a maior responsável pela loucura verãocarnavalesca de "Hellcife". Alguma coisa cozinha em 3 ou 4 meses de quentura, aposto minhas fichas no cérebro. Mas tem coisas que inevitavelmente ficam geladas: dedos, boca e garganta.
Engraçado que eu nem sei mais como tudo começou. Um setor da administração memorial do meu processador é responsável pela eliminação dos registros referentes ao início do fim de qualquer acontecimento. Bom esse sistema neh?! Fica, pode levar. Eu sei que as coisas das quais não me lembro são de extrema importância. Primeiro indício disso é eu não lembrar. Se fosse de extrema inutilidade eu certamente lembraria.
Alguém um dia me disse: abençoado é o homem de muita saúde e pouca memória. Até tento me manter saudável, mas eu esqueço...
sábado, 30 de outubro de 2010
Só
Sexta feira, 29 de outubro de 2010. Um dia. Em seu último minuto cheguei ao aeroporto. Quase duas horas se passaram e eu ainda estava lá. Pensando. Pensando. Pensando. E vendo o meio mundo de gente que desembarcava. O que me fez pensar em escolhas, mais precisamente na minha relação com a diversidade. Senti que por um bom tempo admirei muito e experimentei pouco.
Marquei mentalmente minha saída para 16hrs. O dia foi bastante... mazelado - para descrever como um bom recifense. Não queria ir ao banco, pegar um ônibus, descer na 13, andar que só a porra - com o tempo chuvoso -, depois voltar andando o mesmo percurso... não, sem contar que sacar dinheiro é motivo pra gastar. "Vou de bike. É pra se molhar? Eu vou me molhar muito."
Cheguei no Muda ensopado. Direto para o banho. Duas horinhas correram voando... an?(?)? E começa o espetáculo; ontem para seleto grupo de 15 ou 16 pessoas que viram um espetáculo redondo - à parte um pequeno deslize. Tomei um banho, peguei a bike e voltei percorrendo o velho caminho do mau: Muda, Central, Recife Antigo. Saí ileso do primeiro, também do segundo, mas no terceiro... Morri no Novo Pina. Mas cá entre nós, Novo Pina é apelação, sempre tem alguém conhecido. Vários nesta ocasião. Sentei rapidinho, claro. "Xeru, xeru e xau." Tinha que voltar, era tarde e o Cais José Estelita me esperava silencioso. Fui sem as mãos até quase o final. Não consegui, minhas pernas cansaram.
Cheguei no aeroporto meio atordoado, tinha muita gente. Se agora no feriado estava daquele jeito, imagino o que vai ser no verão, final do ano. Ui. E o carnaval? Credo. Bom, mas nem todo mal vem só para o mal. Aí que começaram os meus pensamentos sobre as escolhas. Uma da manhã e aquele troço funcionando como um shopping, a todo o vapor. Me deu fome, é claro. Fui no Bobs, lá em cima. "Será que está funcionando?" Como não? Por que lá as coisas são o triplo do preço? Sweet, comer coxinha. Acabei comendo uma coxinhazinha, um mega pedaço de bolo crocante de chocolate com morango e um copão geladíssimo de coca-cola. Eu que só queria comer um hamburguer com batata frita e refigerante...
Aquelas pessoas me fizeram pensar no que elas seriam, no que seriam comigo e no que eu seria com elas. São tantos universos quanto possibilidades. E quantas escolhas eu fiz hoje? Quantos universos criei? Será que somei a este meu universo? Depositei energia nos lugares certos? Quanto tempo eu levaria para fazer uma escolha se em todos os casos parasse para pensar em tudo isso?
Marquei mentalmente minha saída para 16hrs. O dia foi bastante... mazelado - para descrever como um bom recifense. Não queria ir ao banco, pegar um ônibus, descer na 13, andar que só a porra - com o tempo chuvoso -, depois voltar andando o mesmo percurso... não, sem contar que sacar dinheiro é motivo pra gastar. "Vou de bike. É pra se molhar? Eu vou me molhar muito."
Cheguei no Muda ensopado. Direto para o banho. Duas horinhas correram voando... an?(?)? E começa o espetáculo; ontem para seleto grupo de 15 ou 16 pessoas que viram um espetáculo redondo - à parte um pequeno deslize. Tomei um banho, peguei a bike e voltei percorrendo o velho caminho do mau: Muda, Central, Recife Antigo. Saí ileso do primeiro, também do segundo, mas no terceiro... Morri no Novo Pina. Mas cá entre nós, Novo Pina é apelação, sempre tem alguém conhecido. Vários nesta ocasião. Sentei rapidinho, claro. "Xeru, xeru e xau." Tinha que voltar, era tarde e o Cais José Estelita me esperava silencioso. Fui sem as mãos até quase o final. Não consegui, minhas pernas cansaram.
Cheguei no aeroporto meio atordoado, tinha muita gente. Se agora no feriado estava daquele jeito, imagino o que vai ser no verão, final do ano. Ui. E o carnaval? Credo. Bom, mas nem todo mal vem só para o mal. Aí que começaram os meus pensamentos sobre as escolhas. Uma da manhã e aquele troço funcionando como um shopping, a todo o vapor. Me deu fome, é claro. Fui no Bobs, lá em cima. "Será que está funcionando?" Como não? Por que lá as coisas são o triplo do preço? Sweet, comer coxinha. Acabei comendo uma coxinhazinha, um mega pedaço de bolo crocante de chocolate com morango e um copão geladíssimo de coca-cola. Eu que só queria comer um hamburguer com batata frita e refigerante...
Aquelas pessoas me fizeram pensar no que elas seriam, no que seriam comigo e no que eu seria com elas. São tantos universos quanto possibilidades. E quantas escolhas eu fiz hoje? Quantos universos criei? Será que somei a este meu universo? Depositei energia nos lugares certos? Quanto tempo eu levaria para fazer uma escolha se em todos os casos parasse para pensar em tudo isso?
sábado, 28 de agosto de 2010
Sábado de sol
Ufa, que semana! Enfim um dia tranquilo, um sábado como outro qualquer. Acordei na sala com a roupa de ontem, um passeio pelas ruas do Recife, quanto mais faço, mais me encanto com as belezas desse lugar. Acordei com o sol. Não por ser cedo demais, mas por ele estar me queimando no lugar que, carinhosamente, chamo de sofá. Sim, também porque o gato já estava inquieto demais pra permanecer ali dormindo simplesmente. Quando levantei definitivamente foi ele quem determinou. Lambidinhas no pé e chorinho na medida certa pra que ninguém mais acordasse, quem sabe, sabe. Levantei, desci com ele, subi e blábláblá...
Há muito tempo que quero escrever, mas não parei essa semana. Depois de um final de semana deprimente e revoltante a segunda foi, claro, de uma ressaca daquelas revigorantes. Ainda estava meio que no final da fase "descrente da vida" na manhã de terça, mas foi quanto tudo começou (eu sempre soube que a semana deveria começar ao meio dia de terça e terminar ao meio dia de sexta, ninguém me escuta...). O start foi alí e tudo seguiu como nos conformes durante a semana. Em casa, estudando, comendo e dormindo cedo, feito homenzinho, que mamãe me ensinou.
Li um livro absurdo, que estou relendo (David Mamet - Sobre direção de cinema) e estudei uns filmes de sempre (Laranja mecânica, O iluminado, Funny Games, Disque M pra matar, Não Amarás). Baixei outros tantos (Nada de novo no front, Mr.Brooks, Mundo imaginário do Dtr. Parnassus, Cidade dos sonhos), comprei o que acredito ser o material para a finalizar minha parede, meio caminho andado pra sala, e ontem, como um bom recifense, fui ao Recife Antigo. Não antes de ir no MUDA e no Central, que estavam sentindo minha falta... acho que não heim?!
Foi exatamente o que notei essa semana, eu tenho uns momentos muito marcantes no meu ano. Já descobri que minhas férias são no meio do ano, as férias que eu gosto de curtir, é o momento de fazer as coisas que eu gosto, com as pessoas que eu gosto, no momento que eu quiser, não sou muito de carnaval. No início de setembro sempre me envolvo em alguma coisa que dura até o meio do primeiro semestre no ano seguinte. Depois disso as coisas ficam mornas até o São João, sempre um momento de acontecimento decisivos (pela inquietude que me causa essa coisa morna), sempre a virada de um ciclo. E aí férias e o ano segue.
Bom, mas como deve ser um sábado como outro qualquer, a programação de hoje tem cinema (animação "Meu malvado favorito"), sushi, um novo bar, ao menos pra mim, e pessoas queridas. Obviamente depois de dar banho no gato, brincar com ele, tirar ao menos metade dos pelos do chão da minha casa, separar a tabela de cores da parede, medir os fios e as mangueiras da iluminação, comer alguma coisa só para aguentar até o sushi, tomarbanhotrocarderoupaedesceresubircomogatoedescernovamenteprasair e pegar dois ônibus.
Ah sim, tá um dia lindo, o céu azul, sem uma nuvem sequer, céu de Brigadeiro. E enquanto escrevo escuto uma seleção mais ou menos assim: Taj Mahal, Luther Allison, Jerry Lee Lewis, Eric Clapton e Ray Charles. E curiosamente Taj Mahal manda Happy Just to be Like... Os Mamonas já cantavam ao sábado de sol, quem sou eu pra negá-lo?
"Bora Gato, tomar banho. Levanta preguiça."
Cheio de coragem.
Há muito tempo que quero escrever, mas não parei essa semana. Depois de um final de semana deprimente e revoltante a segunda foi, claro, de uma ressaca daquelas revigorantes. Ainda estava meio que no final da fase "descrente da vida" na manhã de terça, mas foi quanto tudo começou (eu sempre soube que a semana deveria começar ao meio dia de terça e terminar ao meio dia de sexta, ninguém me escuta...). O start foi alí e tudo seguiu como nos conformes durante a semana. Em casa, estudando, comendo e dormindo cedo, feito homenzinho, que mamãe me ensinou.
Li um livro absurdo, que estou relendo (David Mamet - Sobre direção de cinema) e estudei uns filmes de sempre (Laranja mecânica, O iluminado, Funny Games, Disque M pra matar, Não Amarás). Baixei outros tantos (Nada de novo no front, Mr.Brooks, Mundo imaginário do Dtr. Parnassus, Cidade dos sonhos), comprei o que acredito ser o material para a finalizar minha parede, meio caminho andado pra sala, e ontem, como um bom recifense, fui ao Recife Antigo. Não antes de ir no MUDA e no Central, que estavam sentindo minha falta... acho que não heim?!
Foi exatamente o que notei essa semana, eu tenho uns momentos muito marcantes no meu ano. Já descobri que minhas férias são no meio do ano, as férias que eu gosto de curtir, é o momento de fazer as coisas que eu gosto, com as pessoas que eu gosto, no momento que eu quiser, não sou muito de carnaval. No início de setembro sempre me envolvo em alguma coisa que dura até o meio do primeiro semestre no ano seguinte. Depois disso as coisas ficam mornas até o São João, sempre um momento de acontecimento decisivos (pela inquietude que me causa essa coisa morna), sempre a virada de um ciclo. E aí férias e o ano segue.
Bom, mas como deve ser um sábado como outro qualquer, a programação de hoje tem cinema (animação "Meu malvado favorito"), sushi, um novo bar, ao menos pra mim, e pessoas queridas. Obviamente depois de dar banho no gato, brincar com ele, tirar ao menos metade dos pelos do chão da minha casa, separar a tabela de cores da parede, medir os fios e as mangueiras da iluminação, comer alguma coisa só para aguentar até o sushi, tomarbanhotrocarderoupaedesceresubircomogatoedescernovamenteprasair e pegar dois ônibus.
Ah sim, tá um dia lindo, o céu azul, sem uma nuvem sequer, céu de Brigadeiro. E enquanto escrevo escuto uma seleção mais ou menos assim: Taj Mahal, Luther Allison, Jerry Lee Lewis, Eric Clapton e Ray Charles. E curiosamente Taj Mahal manda Happy Just to be Like... Os Mamonas já cantavam ao sábado de sol, quem sou eu pra negá-lo?
"Bora Gato, tomar banho. Levanta preguiça."
Cheio de coragem.
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