Quem sou eu
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Um dia de cada vez
E o menino do interior, recém chegado à cidade grande se vislumbra com tudo novo e se dá conta de ter diante de si a maior e mais difícil de todas as escolhas até então: conhecer todos os detalhes desse mundo ou voltar pra casa dando-se por satisfeito ter visto tudo isso.
Mentalizar a coisa certa da maneira correta pode nos ajudar sim. Acredito que seja essa a melhor maneira d viver e alcançar todos os objetivos, mas vá controlar os pensamentos... E os pensamentos de uma mente hiperativademais? Calma rapaz, calma, tudo a seu tempo.
O passado compôs o dia. Essa brincadeira toda com o tempo as vezes me deixa perdido. As estrelas brilham, as borboletas voam, os amigos voltam e as paredes mudam, mas o alicerce é o mesmo. Sou muito grato pelo dia de hoje, universo. Quero muitos outros assim! Cheio de alegria, calor, boas visitas e surpresas encantadoras.
Hoje, após quase dois anos, me deparei com um filho, um mapa sobre o que há de mais cru e essencial em mim. Em guardanapo, de caneta azul, cheio de signos e caminhos sinuosos. É preciso ter coração de criança pra entrar. Eu envelheci, mas vejo um bebê no colo e sinto que ali dentro tem a mais pura e inocente verdade. Obrigado mais uma vez universo, por me trazer de volta isso.
O filho: www.putameo.blogspot.com
sábado, 10 de julho de 2010
Reencontro saudosista
Ontem foi a estréia de Erêndira no Espaço Muda. Gostei e houveram duas apresentações. Queria ter ficado pra festinha, mas teria que chegar no "quintal de casa" às 8.
Às 5 estava na rua com o Gato. 5:30 na parada esperando CDU. Taxi mesmo, não daria tempo. Tudo tranquilo, pão com charque e suco de goiaba de manhã no hominho da bicicleta e vamos lá. 6, busão.
O dia foi tranquilíssimo por aqui, adorei rever todo mundo, a energia está ótima.
Ainda fico nervoso quando não volto pra casa. Reflexo da correria do Geração, chegava sexta no final da tarde e ia eu e minha mochila nas costas pra casa, pro colo. Essa cidade me lembra regresso. Sempre no mesmo lugar no onibus, pra ver os dois lados da estrada. Tantos pensamentos, sempre tanta saudade. Confesso, continuo. Na verdade tenho pensado que a saudade em mim é uma condição. E mais, é uma relação diretamente proporcional ao tamanho do gostar. Fiquei surpreso com a não aprovação desse fato. Cada mente um mundo, fazer o que?
Pela primeira vez consegui estar relaxado numa entrevista, foi a repórter. O tempo passou que nem vi.
Estava mesmo com saudades da Morena (ói ela aqui denovo). Os tempos que vivi aqui foram únicos, claro, mas falo da riqueza de emoções. Uma família se formou, com direito a cachorrinho de estimação.
Falo que é o quintal porque, além de ser do ladinho de Recife, me sinto mesmo como lá. Primeiro que já tiro o sapato na entrada. Tem pé de jambo, tem cachorro, tem bola, tem espaço e muitos amigos. Brinco, converso, penso, escuto, sorrio muito e choro às vezes. Abraços apertados e papos furados não se podem contar. Neste lugar posso ser criança sempre, sem deixar o adulto que todo mundo teima em ser. Trabalho com prazer e em muitos momentos acho ruim ter de terminar. Mas terminado o trabalho, passado 5 minutos, meu coração aperta, reclama, xinga, não me deixa em paz até que esteja no meu quarto, em casa, com minhas irmãs e aquele sorriso indescritível a me esperar de braços abertos. Quando penso em ficar e lembro do que me espera lá, não consigo optar por outra coisa. Volto pra casa na primeira condução disponível. A estrada se encarrega de acalmar o peito ansioso. Hoje fico com toda essa dor, penso que estão lá a minha espera. Hoje, não estão. Fico. Os amigos se encarregam de afastar a vontade de correr pra rodoviária. A noite valerá a pena. Só não sei se queria uma pena a menos.
Amo essa família. Quero estar do lado de todos e tê-los ao meu lado por quanto tempo for possível.
Meu filho vai dormir só hoje. Ô filho, amanhã de manhã painho chega visse? Coisamaislinda. É pra cuidar da casa. Anrram, eu sei o cuidado que ele vai ter. Mais um ser pra me deixar saudoso. Faz parte.
Bom, vamos ao dia seguinte. Terminar esse antes. Tomar banho, comer, e tentar esconder esse sorriso lindo que povoa minha cabeça.
Ah. Chega logoooooo!
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Palavrinha Mágica
Meu filho, coitado, tem sentido falta do pai. Sei quando chego em casa e só tem merda.
Esses dias de chuva tem sido curiosamente animadores. Saí debaixo de chuva, viajei na conta do ônibus mais rápido pra chegar à Agamenon e aí o sol apareceu. Na hora de corrigir o erro: andar que só o carai.
Nem vi o gol da Espanha. Só agora no telejornal. Mas vi parte do jogo enquanto esperava a chuva passar na produtora. Alguns cafés depois estiou um pouco e voltei com Zé até a Boa vista. Ele seguiu à Casa da Cultura. Eu ao 13.
Aí é que digo que fica bom, vê: Boa Viagem/Sítio da Trindade/Boa Vista/ Parque 13 de Maio/Rua do Lima/Cinema São Luiz/Beco/Casa cheia de merda. E eu que iria trabalhar e à uma reunião às 8.
Lá no xadrez, chuva a tarde toda. É bom pra conversar, os ventos sopram boas notícias. Uma agradável sensação se instaura. Algo parecido com gritar no meio da rua com toda a força do seu corpo.
To cansado de ver o povo se matar no São Luiz. Filme político venezuelano é pau, e com dois historiadores do lado é muito mais. Não bastava a dúvida entre ler a dublagem mal feita e tentar entender o espanhol Fórmula1, aí ficam do meu lado, dois amigos formados em história que, do começo ao fim, comentam e debatem sobre a história da história do filme. No meio do filme. Durante. No meu pé de ouvido. Foi tanto o desespero que eu encontrei um buraco no teto do cinema. No lado direito perto da tela. Tome chuva.
Não sei o que acontece com Recife, não se comem mais dobradinhas como antigamente. 40 minutos? Algumas horas. Cabeçudice que não arte. Capazes de reproduzir entre copos, garrafas, pratos e temperos sobre a mesa, o mapa mundi e os caminhos percorridos por Colombo até as Américas. De Sófocles ao goleiro Bruno. Foi assunto, estava rolando.
Queria mesmo era dizer a palavrinha mágica. Desopilar.
O coitado do Gato é que sofre. To com saudades dele, mas não entendo como ele coloca tanto mais pra fora do que pra dentro.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Palavras sem fim
Céu azul, chuva rápida como no verão. Passarinhos cantando, uma brisa leve no ar. Bandeirinhas verde e amarela penduradas de um poste à outro, calçada verde e amarela, camisas amarelas penduradas no varal, borboleta amarela passando, coco amarelo no alto, pra lá e pra cá, e uma rede amarela de leve a balançar, parece um dia bem feliz.
Falar de companhia é falar de fidelidade, disposição.
Entender que as pessoas nos vêem de fora.
De teimoso saí de casa a tarde pra ir ao cinema (e entregar um óculos na casa de Ricardo). Encontrei Eduardo lá, demos uma volta ali pelas ruas do centro procurando o que comer. Milho. Missa das 6 na Nossa Senhora de Fátima. Teatro do Parque, “Kick Ass: quebrando tudo”, vale a pena, muita risada. E eu que queria ver um filme político venezuelano no São Luiz... Cerveja na Boa Vista falando de cinema, bate papo na Aurora com um pouquinho de política. Casa, CQC. Cheguei na hoora. Ê saudades, chega logo menina! Uma hora de programa sem intervalo. É filme é? Perdi no ludo, mas foi de propósito, só pra não perder a companhia. Boa noite Ninha. Bom dia Ninha. É bom ser teu vizinho de quarto.
Terça feira, 01:13 do dia 6 de Julho de 2010. Dormir que o dia amanhã será cheio. Será que eu acordo cedo pra ir a praia? Parecendo um doido aqui, escrevendo pra ninguém.
A presença feliz ao meu redor, a opção a escolher, o caminho a seguir, o jogo. Seres (sei lá de onde vindos) que abrilhantam meus dias.
Obs.: roubei teu formato inexistente aleatório. KKKKKK
sábado, 3 de julho de 2010
Saudade
Tenho tentado controlar minha cabeça, não pensar demais, mas as viagens de ônibus são longas... Sozinho no meio de tanta gente, onde sempre me vi protegido, hoje sinto-me diferente: deslocado. Não caibo mais nos espaços, ou eles em mim. Não reconheço sequer meu próprio ninho. Mas ainda reconheço esse espaço aqui dentro que, teimosamente, só cresce, espremendo tudo que há em volta, e ocupa léguas se puder. É saudade. O sangue pulsa mais rápido e a cabeça de forma inversamente proporcional. A concentração e o raciocínio, especialmente o lógico, tiram férias e fazem greve simultaneamente. Tudo se vai e resta esse vácuo, que se alimenta de si mesmo e traz consigo, no centro, em luz vermelha piscante, uma só mensagem, reluzindo no espaço vazio, pedindo atenção, indicando perigo, querendo fogo. Chega a dar calafrios, a solidão faz encolher enquanto o coração pulsa cada vez mais forte. A adrenalina pede ação, mas é tudo tão escuro que só o medo age de fato. Evitar pensar tem sido a melhor saída. Não que o sucesso seja garantido dessa maneira, mas saudades se não mata, morre e morrer não é a melhor opção no momento. Evitar pensar tem sido a melhor saída para desviar desgraças, só ter saudades já é fardo demais. Um dia uma mocinha bela disse que esse era o sentimento que mais a tirava do eixo. Tens toda a razão moça, quem não se perderia?