Hoje, depois de uma noite um tanto trágica, mental e fisicamente, retorno a este espaço minúsculo.
Há meses que seguia em busca desse momento, não de forma consciente, claro (não tão objetivo), mas, de certo, um fim anunciado. Ainda me lembro:
- Puta que pariu!
- O que foi?
- O que é isso?
- Conhaque.
- Caralho...
- O que foi?
- Toda vez que eu bebo isso eu me fodo!
- Por que?
- Porque eu me passo.
- Então bebe cerveja.
- Não, hoje eu quero.
O resultado foi: um galo e um corte superficial na cabeça; dois celulares, 22 reais e alguns minutos da noite perdidos... Nada supera os minutos perdidos! Eu sequer posso rir de mim mesmo, porque este aqui, que pensa, que assimila, que registra, não estava lá. Aqueles vão para o baú de minutos perdidos da minha vida.
Descartando a agonia que é a ausência da lembrança e o fato de ter passado o dia pesquisando entre os amigos presentes na noite o possível paradeiro dos objetos e a razão de os ter perdido (os minutos eu sei bem porque e onde perdi), o dia hoje foi... curioso.
Quando olhei pro lado e vi Eduardo dormindo vi que não era tão tarde assim e voltei a dormir. Na segunda vez ele não estava mais lá, já deveria ser tarde. Nem tanto. Ressaca (a dele física, a minha moral), sábado e hora do almoço, desejando aquela Coca gelada: sushi. Munidos de boa vontade e um cartão de crédito (a salvação dos pobres coitados, pobres coitados), fomos eu e ele de bike (na mesma bike, eu o carregando) comer a bem dita comida japonesa. Menos de 1km percorrido, uma chuva, que todo mundo sabia que viria, desabou. Mas o que dois idiotas estão pensando quando vão no risco da chuva, numa só bicicleta, à um restaurante japonês na casa de capeta comer comida crua e fria? Sei lá, foi divertido passar entre os carros parados no sinal buzinando uns para os outros. As pessoinhas em seus aquários com mecanismos tolos que limpam a água, que curiosamente está fora, num movimento de vai e vem irritante. Certo que me molhei um pouco, mas quem se importa? Cheguei primeiro. E apesar do frio que fazia dentro do restaurante, ainda com roupas molhadas, era tudo o que eu queria comer e fazer naquele momento. Essa ânsia irritante de comprar um carro...
A volta foi de lascar também, a barriga cheia demais, o corpo preguiçoso querendo rede (vício). Mas foi rápido, viemos conversando e não estava mais chovendo como antes, até que o sol ensaiava sair.
Passei a tarde desenhando na parede. Ta ficando bom, e eu recebi uma crítica hoje, como deve ser anunciada, que me fez entender melhor tudo. Eles me fazem companhia na verdade, são sentimentos, carências expressas em imagens. São figuras que acompanham a mim e ao ambiente também. Interagem, dinamizam , guiam o que ali se tem pra ver. E ali é em todo lugar, é em mim, na casa, é por onde passo, vou ou imagino que vou e fui. Ali é tudo o que sinto. Cada figura, expressão, imagem, intervenção, foi um momento de explosão, de descoberta, cumplicidade e comunhão. E tudo isso está ali. Vale tanto quanto um sonho realizado.
Agora, no friosinho do final de dia de chuva, chega a fome lentamente, junto da preguiça de cozinhar. Não tem mais nada pra desenhar na sala. Vou contemplar tudo mais algumas vezes, estudar algum filme absurdo, criar coragem e fazer algo bom para comer com gosto. Em seguida, dormir. Amanhã tem praia e um dia lindo de sol. Tá ouvindo, não é São Pedro?
Hoje, depois de uma noite um tanto trágica, mental e fisicamente, de uma manhã de chuva e uma tarde de bom papo e sentimentos na parede,retorno a este espaço minúsculo, um bom sábado. E que venha o domingo!
Quem sou eu
sábado, 21 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Menino índio feito de terra e alimentado de sol e sonhos! A chuva vem pra lavar, deixa... Acende uma vela, mata a tua ânsia de calor que já já um céu azul e limpo vai encher teus olhos novamente!
ResponderExcluir