quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sonhei que sonhava

Encasquetei coma história de que dormiria com folhas de papel em branco ao lado do travesseiro. A esta altura da noite já acordei várias vezes pra escrever. Neste exato momento tenho 4 linhas escritas. QUATRO. Raiva, muita raiva. É como brochar. Não que eu já tenha brochado. Mas já tendo escutados relatos... sei que é assim. Depois que noiou, acabou. Dali pra frente a nóia só aumenta, a concentração some de vista, o foco não existe. E quanto mais você tenta, mais difícil fica. É melhor esquecer. Nas primeiras vezes eu acordei animado, cheio de ideias. Levantei, acendi a luz e. Como estava a folha ficou minha cabeça. Em Branco... E eu caneta em punho. Como um soldado brasileiro. Armado, mas sem guerra. Enchi o saco. Fui dormir.
Depois da experiência da luz na cara, decidi não mais acender a luz quando acordasse. Condenado! Como, por Deus, tu ia conseguir ver alguma coisa escrevendo num papel em branco como caneta preta, apenas com a luz da lua que entra no quarto, apoiado no disco de Gal Costa azul escuro com a foto dela ( e do cabelo, porque onde tem espaço sobrando nessa foto o cabelo preenche. Quando eu achei esse disco no lixo eu sabia que ele me serviria pra alguma coisa...) com a cara toda branca e os olhos pintados de preto, passando um batom vermelho e com estas duas palavras escritas em vermelho na parte superior do disco: GAL PROFANA. Impossível. Voltei a dormir.
Acordei. Tomei água, sentei olhei pra Xangô. Imagem Bonita. A luz da lua deixou a parte frontal dele toda sombreada. Ele em pé com as duas mãos pro alto segurando seu machado sobre a cabeça. Um guerreiro sob a luz da lua. Em punho, o machado com duas laminas. Justiça. Viajei. Toquei violão. Comecei a escrever uma musiquinha que no começo estava legal, mas parei na segunda linha. Eu não conseguia parar de tocar, e por isso não conseguia escrever nada. Ou fazia uma coisa ou outra. Deixei o violão de lado e deitei. Não consegui mais dormir. As musiquinhas idiotas de um tempinho atrás estavam todas na minha cabeça e não paravam de tocar irritantemente. Estavam no automático. Consegui escrever mais duas linhas. Nada a ver com as outras duas. Mas com as músicas repetindo sem parar automaticamente na minha cabeça, tive tempo pra pensar no que poderia ser uma letra. Imagina o inferno que é a mesma musiquinha idiota repetindo na sua cabeça por uma hora. Fiquei tão irritado com a música que liguei o som do celular. Consegui dormir.
Acho que estou com um problema sério de concentração. As vezes eu me perco, quando vejo estou sendo levado por algo que me encantou por um instante. A noite toda e nada completo. Mais uma vez o sol nasce e só tenho alguns rabiscos, duas olheiras, um sono cansado que será pouco... Não sei de onde veio essa ideia de colocar papéis em branco do lado do travesseiro. Dá um nervoso essa caneta preta deitada no centro do papel em branco. Convite à combinação perfeita.
Deu, por hoje deu. Sobraram algumas folhas. Não era essa a intenção. Mas pensando bem cheguei a conclusão de que isso é bom. Sobrara folhas em branco pra depois. Ainda tenho espaço pra escrever meus sonhos.

Recife, 9 de Julho de 2009, 01:33 AM

4 comentários:

  1. As poucas linhas escritas estão comigo. Continuarão comigo.

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  2. Chega a dar vontade de escrever só de ler a primeira frase.

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  3. ácido? maconha? crack? qual é a porra mermão?
    ta mto doido tu hein..

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