segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Crer

Como entender a condição de "verdade"? Como decidir qual realidade escolher diante da dúvida? A que lhe agrade. Essa é a condição de "verdade", responder o maior numero de dúvidas, o que certamente nos agrada bastante enquanto seres racionais. A verdade é tendensiosa, existem tantas quanto realidades. Cada olho uma visão, cada cabeça um pensamento, todas realidades únicas e igualmente verdadeiras. Cada ser, de acordo com suas experiências, desenvolve linhas de raciocínio nas quais se basea quando toma uma decisão. As experiências que um indivíduo vive ao longo de sua vida definem gradualmente o que ele fará em seguida, o que o leva pra uma nova experiência, que dá início a um novo ciclo de perguntas e respostas. Isso pode acontecer consciente ou inconscientemente. Mesmo que o individuo não esteja ciente de que esteja vivenciando uma experiência, ele registra os acontecimentos e encontra elementos importantes neles, quanto mais informação, mais respostas, satisfação garantida. Entretanto, nem sempre os caminhos criados satisfazem igualmente os dois seres que preenchem um ser humano, o ser racional e o sentimental (Freud que me ajude, mas não consigo tirar da cabeça que esse ultimo tem relação estreita com a criança). As experiências passadas estão registradas, foram vivenciadas, aconteceram, porém agora estão estáticas. As novas experiências e suas novas informações podem destruir ou mudar drasticamente uma linha de raciocínio, o que pode levar também a um novo entendimento das experiências passadas. Um novo olhar sobre o passado e lá estão novos elementos antes não vistos, menos vistos ainda quando se vivia, e vai o passado mudando o futuro. O presente é uma transição, é muito rápido, não se pode nem entender que se vive e já se passou. Passado e futuro estão muito mais próximos do que se pode imaginar. A verdade está em tudo que se vive.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Caminhos.

Todos somos normais, iguais e diferentes. Somos estranhos. Cada um carrega o peso que aguenta e paga um preço pelo que leva. Precisamos aceitar o preço, as condições e as realidades que nos são impostas. Para isso é preciso compreender, entender que tudo tem uma razão de ser. Viver o que está a frente é uma opção, teremos sempre a possibilidade de desistir. Devemos compreender o caminho e os que conosco caminham para decidir seguir ou não em frente. O caminho não muda, é aquele, com todos os obstáculos e facilidades. Os que caminham conosco têm, como nós, as opções de seguir em frente, parar ou voltar quando desejar. Os mais fortes têm a opção de ajudar os mais fracos ou de guardar energias para os imprevistos, os mais experientes de prevenir o próximo dos perigos ou de calar-se. Liberdade, esse é o caminho. Liberdade para ser como quiser e seguir em frente, liberdade para ajudar e ser ajudado, liberdade pra ser forte ou fraco, liberdade para seguir o caminho, liberdade para desistir. Os caminhos estão lá, com seus solos irregulares, pontes e abismos, multidões ou solidão, os escolhemos livremente, ou deveríamos. Os aventureiros também fazem parte do percurso. Toda trilha leva a um lugar, todo caminhar deseja um chegar. Cada um leva uma bagagem, pega coisas no caminho, deixa outras pela estrada, carrega o peso que acha necessário e ajuda quem acha que deve. Há quem ande sozinho e quem ande acompanhado. Há um mundo de andarilhos e um mundo de caminhos, há um mundo de escolhas. É preciso caminhar de olhos abertos. É preciso conhecer, compreender e aceitar para continuar ou desistir com consciência. É preciso ir para conhecer o fim. Pode-se também acreditar nas palavras dos que estão voltando, ou não. Temos todos dois olhos que vêem partes diferentes de um todo, e o que dizer de pares de olhos diferentes? Nunca vêem a mesma imagem da mesma forma. Cada ser vê o que pode e entende o que é capaz. Conhecer, compreender e aceitar. Cada um tem sua imagem do caminho, todas elas verdadeiras.

domingo, 4 de outubro de 2009

Bom dia, domingo!

Ah, como é bom poder respirar tranquilo esse ar quente do verão. Acordar de manhã e ver o sol entrando na janela, como se desse bom dia mesmo, apresentando o que terá de melhor na cidade hoje, sol. Um belo domingo de sol. Manhã calma, ventilada, silenciosa. O sol vai subindo aos poucos, como se até ele tivesse preguiça. Vai se esticanto o dia por ruas vazias. E assim, na mesma velocidade, ele vai embora, torturando aqueles que não suportam chegar em casa, ligar a televisão e ver que está passando "Fantástico". Se está passando "Fantástico" quando você chega em casa no domingo é sinal de que logo mais é segunda feira. Não importa o que tenha acontecido no seu final de semana, se ele foi pouco, muito, bom ou ruim, se está passando "Fantástico" é porque em poucas horas, queira você ou não, vai chegar segunda feira.
Lua cheia, sol, calor... depois de uma semana nebulosa até que já estava na hora de abrir o céu e chamar o verão com toda a força. Fazia tempo que eu não ficava tão tenso. E confuso? Cacete..! Mas, eu li num papelzinho daqueles biscoitinho chineses eu acho, que, a inspiração está na transpiração, ou "vem da", que seja. Talvez porque a força que produzimos pra tentar alcançar os objetivos esteja relacionada aos obstáculos que encontramos pra conseguir alcançá los. Independente de qual seja o objetivo, e de qual seja o resuntado final, quando se sua muito pra conseguir alguma coisa pode ter certeza que cada gota de suor quer dizer alguma coisa. Tudo isso é renovação. Porque a inspiração é isso, é um novo olhar, um novo estado de espírito. Transpirar é renovar e tudo aquilo que é novo, é novo, é curioso, é inspirador. Me ajudou nos meus ultimos dias, mas esse papelzinho não era o meu, qual era o meu mesmo?!
Foi suada, mas nesse domingo de sol está sendo inspiradora a semana que passou. Ontem foi aniversário da minha irmã, família aqui reunida, foi bom. Voltei pra casa... a noite foi linda, lua cheia na varanda, colchão na sala e filminho bacana, que relaxada boa. Tá vendo que é inspirador o suor?
Bom, vamos ao dia...

domingo, 27 de setembro de 2009

Desliguei o telefone

Estava com minha mãe no telefone. Meu celular, do lado da rede, em cima de um copo com água, anuncia uma nova mensagem, é ela! Aos poucos a voz do outro lado da linha foi se perdendo, tão grande era a ansiedade que não havia luz maior que aquela que piscava ali a menos de dois metros. Não sei se acabo uo rápido ou se não vi passar, mas o papo foi finalizado. E antes mesmo que minha mão terminasse de arrumar o telefone no aparelho eu já estava quase de pé em direção à mensagem. Deitado na rede, celular bloqueado com o aviso de nova mensagem nas mãos, eu já conseguia senti-la. Aquele sorriso, aquela alegria, os olhos tagarelas... o calor me subiu ao peito, já sorrindo desbloqueei o celular. Não era ela.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ver

Diante do inesperado não devemos esperar nada. Lógico. Ainda não parei pra olhar pro mês que passou, ainda não tive tempo. Estava vivendo-o. Dividindo meus dias. Acordando mais tarde. Ficando mais em casa. Foi muito mais rápido do que eu esperava, ou deseja. A coisa toda foi tomando conta dos meus dias, das minhas horas, do meus segundos, e quando procuro não mais me acho. Tem algo me perturbando profundamente. Como se eu tivesse perdido algo que levei tanto pra conquistar.

Ainda não sei ao certo o que eu perdi nesses últimos dias. Não sei também se perdi ou se ganhei de mais sem esperar. Dizem que a sensação de quando se ganha algo muito bom e principalmente quando não se espera ganhar tal coisa, é muito próxima da de uma grande perda quando a poeira baixa. De fato, ninguém sabe o que fazer com um sonho que tanto se espera realizar quando este se realiza. Idealizamos, testamos, construímos cuidadosamente, minuciosamente. Desejamos tanto e que venha em tão pouco tempo, que pensamos realmente como seria se o sonho se realizasse. Eu ouvi alguém dizer que Deus, quando quer castigar alguém, atende aos seus pedidos. Pode ser verdade.

Um belo dia me deparo com a materialização de um ideal antigo, de longos anos de pesquisa e experiência. Diante do fenômeno, tremo, é claro. Numa manhã linda de sábado, céu azul, clima de férias, no carro, pronto pra viajar, pela primeira vez entendo o que está diante de mim. É difícil ver e crer que aquele sonho pode ser o seu. As vezes os sonhos passam do seu lado, sentam, trocam meia dúzia de palavras e se levantam. As vezes passam do seu lado e se apresentam apressadamente, ou são apresentados. O destino adora essas brincadeiras. E entender que aquele pode ser sim o seu sonho leva tempo. Leva tempo e é uma bomba relógio quando se entende o que está acontecendo. Primeiro porque como já diria meu amigo Chico (que a saudade o traga de volta), só há dúvida quando há certeza. Segundo que a duvida diante dessa certeza nos torna inseguros, instáveis, medrosos e, por conta disso tudo, lerdos. O pior de tudo é ter ciência disso. Saber que a qualquer momento a bomba vai explodir e que você tem que fazer alguma coisa, qualquer coisa. Mas a insegurança, a instabilidade e o medo aliado a essa certeza duvidosa (que só quem tem sabe o que é) impedem o corpo de reagir àquilo que a cabeça ordena. É como dizer "eu te amo", a certeza daquilo é tão clara, tão óbvia, que uma insegurança instintiva toma conta do corpo e o impede de dizer aquilo incontáveis vezes antes que se diga pela primeira vez. A voz vem do peito, os olhos brilham, o rosto cora, a boca abre, mas nada, absolutamente nada, sai da boca, som algum, nem ar. É angustiante. Assim também é ter um sonho diante de si.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O coração, a porta e a cabeça.

Ele sabe, mesmo que ele não veja, ele sabe. Ele sente. É como se ele precisasse estar perto. Tão perto que em alguns momentos o ar falta. Ele é mais forte. É como quando seu corpo se recolhe a procura de outro no sofá quando passa uma corrente de ar frio entrando pela varanda. Uma espécie de imã. A velha história se repetindo. Os opostos nem tão opostos assim. Atraem-se mesmo assim.
Num suspiro dois mundos se opõem e se ligam e um mesmo plano. A tela. A porta. Nas costas. Dentro. De frente pra outra. Que não tem. Por isso, do espelho. Antes, da cortina. Da porta. Do banheiro. Na frente do espelho. E da tela. A porta. Entre. Preta. Os mundos. Dois. Num mundo tem vida. Tem céu azul, tem sol, tem campo, tem árvore. Tem noite, tem lua, tem estrela, tem o planeta terra caindo em direção a algum lugar feito um cometa que rasga o infinito em chamas. Chocante. Tem peixe, borboleta e flor brotando no jardim. Tem o sol com uma cara de safado olhando pra pobre da árvore que não pode nem se mexer. Ela com brinco em uma só orelha, a direita, olha de lado fingindo evitar o olhar do sol. A lua nem aí pra isso tudo. Não dá trela pras gracinhas o sol. Lá, bem de costas pra cena, contemplando o outro mundo. Ali na sua frente. Todo um mundo por vir. Um mundo que por enquanto tem alguns espaços divididos, que todos imaginam que serão preenchidos com algo. Formas coloridas... Predomina o espaço não preenchido. O fundo desses espaços são coloridos, mas não tem nada neles ainda. É, eu não queria falar desse mundo mesmo. Porque apesar dele ser menor, ele é mais confuso. Mais complexo. Tem divisões, formas definidas, linhas, traços. Tem miúdos. Pensar nesse mundo que a lua contempla me deixa um pouco nervoso. Mas por eficiência de todos os objetos envolvidos, a transformação de Michael, a porta, foi, até então, um sucesso. Veremos como ficará o outro lado. A cabeça dessa porta de mente "peterpanica"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Final de semana

Esse final de semana teve muita coisa e quase nada. 1°, duas receitas... daqui ó. Uma de um café da manhã, com suco e sanduíche com os restos do suco. Suco de beterraba, cenoura e abacaxi, com o sumo que ficou eu fiz uma pasta com mel. Ricota moída com orégano e uma pitadinha de sal. Uma boa colher de requeijão no pão de soja, a pasta e o queijo dentro e. Pro forno com fios de mel por cima... Aquele pão partido no meio com o requeijão derretendo por cima daquela pasta avermelhada e o mel escorrendo por cima do pão... Bom dia, dia. Começou bem. Depois praia e dia de sol com Lalá. Depois uma massa que... não vou dar a receita assim. Ficou... Bom. Só comendo. Enfim. Essas foram as duas primeiras coisas boas. Duas receitas boas para os bons momentos. E dessa vez eu anotei. Pra fazer da primeira vez foi sem querer, mas da segunda não.
Sexta de manhã também foi legal. Fiz a feira de frutas e verduras da semana. Eu nunca tinha percebido a terapia que é escolher essas coisas. Primeiro que são todas quase iguais. Abacaxi. Como saber qual daqueles 247 é o melhor? Se acertar de primeira jogue na mega sena. Não perca tempo. O pior é que se perde. Quero ver quem não olha pelo menos 100 dos 247. Olha, olha sim... Tem umas coisas que são mais fáceis. As folhas também. As folhas são todas iguais. É uma loucura procurar defeito em folha. Quando chega na alface lisa você já consegue enxergar lactobacilos vivos onde não tem. E os cálculos? Mamão tem que ficar esse verde tal dia e esse depois, porque se não vai apodrecer e ninguém come. E a banana meio verde meio madura, porque também acontece a mesma coisa. E dá certo? Às vezes. Chute. O abacaxi tava bom. Eu senti uma energia boa vindo dele. Conversa. Era o mais bonitinho e eu trouxe. Me diverti. Aliviei as tensões. Foi bom. 40 minutos investidos na minha saúde.
Domingo foi dia da canastra. Fui almoçar com a vó. De lá, na saída, encontrei jogado na rua restos de aparelhos eletrodomésticos. De cara uma televisão olhou pra mim pedindo socorro. Eu já a coloquei no cantinho. Fiquei lá separando ferro com um senhor que tava levando para reciclagem e tive a idéia de montar algumas coisas com as carcaças das coisas. Pus dois microondas um sobre o outro, sobre os dois pus um aparelho de vídeo e a TV em cima. Uma estante com portas e tudo. No começo me agradou, mas eu tomei distancia, sentei no chão e fiquei reparando. Ná. Outra coisa. Peguei a parte de trás das televisões grandes. Coloquei juntas num canto pensando no que fazer e vi uma com a parte que deveria estar a tela toda no chão, como se tivesse de cara. Uma mesinha. Uma mesinha pra minha televisão. Coloquei todas as TVs no chão na mesma posição. Coloquei Florinda ( a televisão ) em cima de todas e escolhi a melhor. Trouxe pra casa. Florinda e sua mesinha. Outra coisa boa do final de semana. Ah, e a passagem pro banheiro. Das arábias. Made in FENEARTE. Ganhei.
E descobertas interessantes também. Descobri muito sobre mim. E descobri através de outros olhos. De tanto me olhar naquele espelho consegui ver meu reflexo. Essa foi a frase do final de semana. Mesmo vindo na segunda. Foi bem isso mesmo. É real isso. Essa realidade que me é mostrada sobre outra ótica a respeito do mesmo fato. Qual seria A verdade? Não tem. Eu descobri que só se é completo no outro. Quando a única voz que se escuta é a sua, essa é a única voz que se conhece. Eu prefiro ser eu com todas as minhas faces, conhecer o que tem de mim nos outros e o que tem dos outros em mim. E escutar uma voz indecente, atrevida, destemida e decidida falar de você é um dos melhores exercícios que se pode fazer numa tarde de domingo. Às vezes você não tem coragem de se assumir de determinadas maneiras. É muito mais fácil fingir que não se sabe de nada, não é?! Mesmo que nem sempre isso, exatamente, aconteça. Mas a história das óticas. Se essa pessoa viu esse mesmo fato dessa maneira. Quem disse que isso não aconteceu assim? De alguma maneira isso aconteceu, ela viu assim. Pra essa pessoa isso foi real dessa maneira. É interessante isso. Assumir também esses outros lados. Essas outras facetas que se tem sem se ter noção de que se tem. Inda tem o tal do instinto que não se sabe o que pode fazer. Agora. Daí a ser dissimulado, não. É um exagero nas histórias...
Fica ainda uma coisa boa. Tem uma coisa me dizendo que algo de muito bom acontecerá. Uma ansiedade, com uma angustia, com uma agonia, vontade de gritartirararoupaesaircorrendonarua. Mas como se pra comemorar uma boa notícia. Acho que é meu dinheiro que está acabando. Toda vez que eu vou ficando liso me vem uma esperança de que venha dinheiro de algum lugar. Trabalho meu Deus, trabaaalho. Vai ser artista. Trabalha porque gosta, mas recebe quando o povo quer. Por isso que esse povo assim é meio doido. Tem que fazer mil coisas pra se manter trabalhando. Mas como trabalha porque gosta, faz mil coisas pra se manter gostando. E sai fazendo tudo e gostando de tudo. E fica a mensagem. Gostem. O bom da vida é gostar.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sonhei que sonhava

Encasquetei coma história de que dormiria com folhas de papel em branco ao lado do travesseiro. A esta altura da noite já acordei várias vezes pra escrever. Neste exato momento tenho 4 linhas escritas. QUATRO. Raiva, muita raiva. É como brochar. Não que eu já tenha brochado. Mas já tendo escutados relatos... sei que é assim. Depois que noiou, acabou. Dali pra frente a nóia só aumenta, a concentração some de vista, o foco não existe. E quanto mais você tenta, mais difícil fica. É melhor esquecer. Nas primeiras vezes eu acordei animado, cheio de ideias. Levantei, acendi a luz e. Como estava a folha ficou minha cabeça. Em Branco... E eu caneta em punho. Como um soldado brasileiro. Armado, mas sem guerra. Enchi o saco. Fui dormir.
Depois da experiência da luz na cara, decidi não mais acender a luz quando acordasse. Condenado! Como, por Deus, tu ia conseguir ver alguma coisa escrevendo num papel em branco como caneta preta, apenas com a luz da lua que entra no quarto, apoiado no disco de Gal Costa azul escuro com a foto dela ( e do cabelo, porque onde tem espaço sobrando nessa foto o cabelo preenche. Quando eu achei esse disco no lixo eu sabia que ele me serviria pra alguma coisa...) com a cara toda branca e os olhos pintados de preto, passando um batom vermelho e com estas duas palavras escritas em vermelho na parte superior do disco: GAL PROFANA. Impossível. Voltei a dormir.
Acordei. Tomei água, sentei olhei pra Xangô. Imagem Bonita. A luz da lua deixou a parte frontal dele toda sombreada. Ele em pé com as duas mãos pro alto segurando seu machado sobre a cabeça. Um guerreiro sob a luz da lua. Em punho, o machado com duas laminas. Justiça. Viajei. Toquei violão. Comecei a escrever uma musiquinha que no começo estava legal, mas parei na segunda linha. Eu não conseguia parar de tocar, e por isso não conseguia escrever nada. Ou fazia uma coisa ou outra. Deixei o violão de lado e deitei. Não consegui mais dormir. As musiquinhas idiotas de um tempinho atrás estavam todas na minha cabeça e não paravam de tocar irritantemente. Estavam no automático. Consegui escrever mais duas linhas. Nada a ver com as outras duas. Mas com as músicas repetindo sem parar automaticamente na minha cabeça, tive tempo pra pensar no que poderia ser uma letra. Imagina o inferno que é a mesma musiquinha idiota repetindo na sua cabeça por uma hora. Fiquei tão irritado com a música que liguei o som do celular. Consegui dormir.
Acho que estou com um problema sério de concentração. As vezes eu me perco, quando vejo estou sendo levado por algo que me encantou por um instante. A noite toda e nada completo. Mais uma vez o sol nasce e só tenho alguns rabiscos, duas olheiras, um sono cansado que será pouco... Não sei de onde veio essa ideia de colocar papéis em branco do lado do travesseiro. Dá um nervoso essa caneta preta deitada no centro do papel em branco. Convite à combinação perfeita.
Deu, por hoje deu. Sobraram algumas folhas. Não era essa a intenção. Mas pensando bem cheguei a conclusão de que isso é bom. Sobrara folhas em branco pra depois. Ainda tenho espaço pra escrever meus sonhos.

Recife, 9 de Julho de 2009, 01:33 AM

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Acabei de brigar com minha irmã. Eu briguei sozinho, ela nem sabe disso. Briga na cabeça. Dessa vez por causa do aparelho de som. Ela quebrou e me disse que só estava quebrada a tampa. Mandei concertar. O cara depois de 5 dias me enrolando, me entregou o som. Cheguei em casa seco pra escutar um CD. Miles Davis, Kind of Blue. Escutei? Não. Tá quebrado.

Thais vem cá, como que quebrou esse som?
Batendo.
Batendo como Thais?
Batendo.

Eu saí. Ora porra, e aparelho de som é bateria? Pandeiro? Bunda de nenem? Mania do caralho de bater nas coisas. Depois eu digo e ninguém me escuta, uma hora quebra alguma coisa mais importante do que o pé, mão, o aparelho de som. Quem sabe não quebra um laço? Ou alguns? Se cuida menina, se cuida. Acorda, abre o olho. Eu sou doido, sou. Mas sobe aí na garupa. Pula aí no banco do passageiro. Cuidado pra não enjoar. Eu desligo o motor e piso no chão sem tremer. Na maioria das vezes - confesso que as vezes eu ainda tremo quando desligo, mas que graça teria se não mais o fizesse?. Que tal subir mesmo aí na garupa pra dar uma volta? Saí desse quarto ou das salas de recepção. Sair, ir na praia pegar um sol, tomar água de coco, fazer alguma atividade física que lhe dê prazer. Fazer algo que lhe dê prazer. De verdade. Estudar alguma coisa. Pensar em alguma coisa. Conhecer novas pessoas. Novos lugares. Abrir essa cabeça, essas portas, essas trancas, essas amarras, essas correntes, essas algemas e coleiras e.... Aaah! Quanta prisão. Tem tantos mundos aí fora. Não quero que deixe de amar. Quero que ame a SUA vida. Até que se prove o contrário, só temos essa meu amor, aproveite. Tire os pés do chão um pouquinho, pular não vai te fazer mal. Faça algo sem planos uma vez, ou duas quem sabe. Sorria mais. Ô que agonia me dá ver-te assim, feio porco mijando. O Dr. não ia gostar nada nada disso. Nada mesmo.
O que me irrita, de verdade, é que você não é assim. É facilmente manipulada, é. Mas você, crua, não é assim. Eu digo porque te conheço desde que você nasceu. E eu lembro muito bem quem é você. E não foi com essa cara que você decidiu vir morar aqui. E não era essa cara que você tinha quando morávamos no antigo ap. E você andava mais pela sala, e pela rua. Agora só te vejo trancada no quarto. Ou melhor, não te vejo porque estás trancada no quarto. Quando não está com aquele humor que não é todo seu na maioria das vezes. Pense, um garfo de macarrão não faz mal a ninguém. Na família em que eu nasci NUNCA vi isso. Onde eu nasci e vivi se come o miolo do pão a caminho de casa. Lembre-se de onde você veio e não se perderás no caminho.

domingo, 5 de julho de 2009

Tem coisa melhor não.

Tem coisa melhor não. Acordar, olhar pro lado, respirando bem baixinho, um pescoço. Ali parado, tranquilo com alguns fios de cabelo multicolors repousando em cima. Um abraço, uns xerus, uns beijos, um sorriso. Sorrio também. Tem coisa melhor não. Levantar da cama pra fazer favor pra amigo. Ir fazer o favor e este não dar certo. Voltar pra fazer o favor direito. Não dar certo denovo. 7:30 da manhã de um domingo. Favor de amigo... Tem coisa melhor não. Chegar na varanda, torcer pro sol sair, sorrir pra esperança, passar na sala, olhar pra Ray e dizer "toca aí negão, distrói". Ele distrói. Ali na dele balançando a cabeça, sem nem ver o que tá vestindo, o que tá tocando, quem tá vendo, foda-se, ele tá tocando e tá curtindo muito o que tá fazendo. É assim que deve ser. Tem coisa melhor não. Sentado, tranquilo, escrevendo, a porta do quarto geme. Ela passa sem ver, mas eu a vejo. Ela volta. Sorriso. Sorrio também. Mole, senta, balança, para, levanta, deita, vira, muita, muita manha. Tem coisa melhor não. Banho. Gelado. Domingo. 9:30 da manhã. Tshiiiiiiiiii. Som de água caindo do chuveiro. Imagens. Bom demais. Tem coisa melhor não.